quarta-feira, 17 de maio de 2017

Confissões de um pentecostal atípico

Eu não devo ter nascido muito pentecostal (rsrs) porque nunca gostei de gritaria na igreja, e também poucas vezes me emocionei com pregações ou orações efusivas, em altas vozes. Muitos com certeza classificam alguém assim como um "crente frio". E não me importo. Sei que minha fé em Deus é viva e a minha consciência no Evangelho de Cristo é suficientemente "quente".




Eu muitas vezes disse para alguns companheiros mais jovens nos meus dias de solteiro que eles não deveriam buscar prioritariamente o dom de novas línguas ou, caso o recebessem, não se contentassem só com esse dom. E porque? Porque o dom de línguas é um dom cobiçado, visto a sua manifestação ser pública, visível, notória. Já dons muito mais importantes e úteis, tais como o discernimento dos espíritos, a humildade e a paciência, por exemplo, são muitas vezes imperceptíveis, não dão "ibope", e por isso são menos buscados...

E porque eu falo isso sobre o dom de línguas (um dos mais associados ao barulho nas igrejas)? Porque na minha caminhada eu já vi muitos falarem em línguas e fazerem muito estardalhaço nas congregações e depois sumirem e nunca mais voltarem (infelizmente). E o que isso quer dizer? Quer dizer que falar em línguas, fazer orações "fervorosas" etc. não dão fundamento para ninguém. Fundamento é algo que dá sustentação, no nosso caso, sustentação na fé. E o que sustenta na fé? O conhecimento do Evangelho e sua prática no dia a dia. Barulho e emocionalismos não fornecem base espiritual.

Todavia, no meio pentecostal, gostar de pregadores serenos e tranquilos, cheios do Espírito Santo manifesto na forma de sabedoria e ciência dos céus, que pregam a Palavra sem necessitar apelar para clichês, gritos, palmas, sapateados etc. concede ao indivíduo o rótulo de "frio". E, se você aí acha que Deus só se apresenta na base do grito, é porque ou você é muito imaturo espiritualmente ou porque você lamentavelmente nunca ouviu ainda uma pregação do Evangelho genuíno. O Evangelho não necessita de mais nada para convencer o ouvinte da sua eficácia. O que necessita de outros artifícios é justamente o que não é inteiramente o Evangelho. Durmam com esse SILÊNCIO...