sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Igrejas: ruim com elas... pior sem elas?...

É impressionante como fazer parte de uma instituição religiosa diminui a nossa liberdade cristã: ela diz o que devemos vestir, onde podemos ir e até com que tipo de pessoa devemos nos casar. Somos constantemente "pajeados", como se fôssemos eternas crianças no entendimento. Se agimos como os bereanos, somos “rebeldes”; se procuramos estudar a Bíblia, somos “presunçosos”; se não idolatramos nossos líderes ou a placa da nossa igreja, somos hostilizados e “gentilmente” convidados a nos retirar.


Tornamo-nos frequentadores de uma denominação qualquer para termos onde louvar a Deus, para cultuarmos a Ele em comunhão com outros membros do Corpo de Cristo. Entretanto, muitas vezes a convivência se torna difícil. Em primeiro lugar porque o amor é escasso entre os “irmãos”: poucos realmente se importam com os outros; a maioria apenas cultiva o amor moral, a amizade pagã: só “amam” alguém enquanto a pessoa segue rigorosamente seus preceitos morais/religiosos. Ao mínimo deslize do indivíduo ele é deixado de lado e sente a animosidade silenciosa da “irmandade”, bem pouco fraterna.

Em segundo lugar, o relacionamento com a membresia é complicado porque você não pode esboçar o menor sinal de independência a um dado sistema religioso. Você não pode comparar o que é pregado com o que as Escrituras dizem porque você é tido como um “incrédulo”, alguém que não “recebe” mais a Palavra. Você não pode questionar um pregador, pois tudo o que sai da sua boca durante uma exortação supostamente é “inspirado” pelo Espírito Santo, de modo que o sujeito é “infalível” enquanto está atrás de um púlpito. Você não pode ter uma postura crítica dentro da denominação porque é visto como uma pessoa indesejável, um perturbador da paz.

Eu penso que a única maneira de sobreviver a uma igreja e aos seus membros por um longo período de tempo é agir como se não fizesse parte daquilo tudo. É como eu invariavelmente respondo quando alguém me questiona se eu “sou” da CCB: eu sou de Jesus, frequento a CCB e sirvo a Deus em qualquer lugar. Tenho algumas poucas e boas amizades dentro do círculo denominacional e no dia a dia guardo 99,9% do que Deus tem me ensinado para a minha própria família (que é a minha primeira Igreja), pois cansei de jogar pérolas aos porcos e depois ser atacado por eles. O que Deus me concede dizer eu escrevo aqui na página, pois assim me preservo um pouco do fanatismo circundante.

De fato, é compreensível o crescente fenômeno dos “desigrejados”: ter consciência do Evangelho, saber que pelo menos 90% das normas das igrejas não passam de doutrinas de homens, conviver com tantas pessoas que apenas fingem gostar de você e ainda se manter naqueles ambientes é coisa que exige muito “estômago”. As igrejas precisam se reinventar, ceder um pouco no tocante aos seus usos e costumes, descentralizarem-se, desmilitarizarem-se, serem mais hospitais e menos tribunais, fabricar mais amor ao próximo e menos regras de boas condutas.